28/05/2010

MATÉRIA DE "O DIA" SOBRE O "VIAGRA FEMININO"


‘Viagra feminino’ perto de ser liberado nos Estados Unidos.
Medicamento desenvolvido para tratar depressão teve como efeito colateral o aumento do desejo sexual!


Nova Iorque - A falta de desejo sexual feminino pode estar com os dias contados. O órgão controlador de remédios e alimentos nos Estados Unidos (FDA) vai discutir no mês que vem a aprovação para venda da primeira pílula concebida para fazer para as mulheres o mesmo que o Viagra fez para os homens: estimular sua vida sexual. O medicamento atua na química cerebral.

Assim como o Viagra, que originalmente era destinado a tratar problemas cardíacos, o Flibanserin foi desenvolvido com outro objetivo: ser um antidepressivo. Em testes, porém, o remédio fracassou contra a depressão. Mas teve um efeito colateral inesperado: aumentou a libido feminina.

De acordo com o laboratório alemão Boehringer Ingelheim, foram feitos testes com 5 mil mulheres que sofrem de desejo sexual hipoativo — uma inexplicada perda de fantasias, desejos e pensamentos sexuais que pode provocar problemas emocionais sérios. Os experimentos mostraram aumento importante do número de experiências sexuais satisfatórias. Os testes foram nos EUA, Canadá e Europa.

“Nas mulheres, a falta de desejo é a principal queixa sexual. O problema geralmente tem fundo emocional. Está ligado a dificuldades no relacionamento, à falta de confiança e admiração no parceiro. Já entre os homens, as principais queixas são a falta de ereção e a ejaculação precoce”, explica a sexóloga Carla Cecarello.

Segundo ela, cerca de 27% das mulheres sofrem com a falta de desejo. “É normal a mulher não querer sexo às vezes, mas quando isso se torna um problema persistente e a mulher começa a não ter vontade de se arrumar, de sair, de viver, torna-se um problema sério. E precisa ser tratado”, explica Cecarello, acrescentando que atualmente o tratamento é feito com terapia.

A possibilidade de desenvolvimento de um Viagra feminino, no entanto, ainda é vista como polêmica. “Ele vai fazer com que a mulher deseje um parceiro agressivo?”, perguntou Liz Canner, cineasta que produziu o documentário Orgasm Inc, sobre o papel do setor farmacêutico no desenvolvimento de drogas para problemas sexuais femininos.

Michael Sand, diretor de pesquisa clínica do Flibanserin, contesta. E defende o medicamento. “A questão da sexualidade feminina não é nova. É um problema que as mulheres sofrem há muito tempo.”