16/04/2012

Entrevista para a Revista ELEGANTE 7 edição

Orgasmo feminino.

Veja porque algumas mulheres não conseguem ter uma vida sexual plena

A prática do sexo nem sempre representa prazer para algumas mulheres. Problemas físicos e até psicológicos podem ser os grandes vilões para que elas não cheguem ao orgasmo. Nesta edição da Elegante a sexóloga e psicóloga Carolina Mendonça fala sobre a importância do sexo na vida da mulher e como isso pode influenciar no dia a dia do casal. Ela afirma que o sexo une o casal e que o prazer proporcionado por ele perdura, tornando plena a vida do homem e da mulher.

Revista Elegante – Muitas mulheres dizem não gostar do ato sexual e mantêm uma aversão a qualquer tipo de contato físico com o parceiro, o que impede o bom relacionamento entre os casais. Qual a importância do sexo na vida da mulher?

Carolina Mendonça - Acho um tanto complicado quando ouço de alguma mulher que esta não gosta de sexo. Explico. Todos nós, homens e mulheres, temos a nossa sexualidade. Quando fazemos uma escolha, por exemplo, como a do casamento, sabemos que nele está incluído o relacionamento sexual. Se uma mulher diz não gostar de sexo, é necessário que ela procure ajuda profissional porque o natural é que as pessoas tenham necessidades sexuais e se alegrem com o ato sexual. Vários fatores podem levar uma mulher à recusa do ato sexual. Desde fatores físicos como problemas hormonais, doenças e uso de determinadas substâncias químicas, até os fatores psicológicos, que são muito mais frequentes. Existem disfunções sexuais femininas, de causas psicológicas, que podem levar algumas mulheres à essa aversão ou à recusa sexual. Cito algumas.
Desejo Sexual Hipoativo: É caracterizado pela ausência de desejo sexual espontâneo; ausência de fantasias; fuga do relacionamento sexual; resposta sexual insatisfatória em relação à excitação e ao orgasmo; baixa frequência e ansiedade. As causas mais frequentes dessa disfunção podem ser: bloqueios emocionais e sexuais pessoais; desgaste do relacionamento; falta de investimento na relação; inadequada estimulação física durante a atividade sexual; conflitos não solucionados de todos os tipos; vivência de violência sexual; valores negativos em relação à sexualidade; etc.
Vaginismo: É caracterizado pela contração involuntária dos músculos próximos à vagina, dificultando ou até impedindo a penetração do pênis na relação sexual. Ela origina um círculo vicioso: ansiedade → tensão → dor → tensão → dor → … Tem diagnóstico essencialmente clínico, durante exame em ambulatório ginecológico, sendo observada importante contração reflexa da musculatura peri-vaginal à introdução do dedo ou espéculo, impedindo seu avanço. Como causa frequente, temos origens emocionais.
Anorgasmia: Pode ser definida como uma inibição recorrente ou persistente do orgasmo feminino, manifestada por sua ausência ou retardo após uma fase de excitação sexual adequada em termos de foco, intensidade e duração. É a disfunção sexual mais comum junto com a falta de desejo.
Anorgasmia primária - quando a mulher nunca experimentou a sensação de orgasmo através do coito e nem mesmo na masturbação ou em sonhos.
Anorgasmia secundária - quando a mulher já experimentou o orgasmo com certa normalidade em período anterior de sua vida e, por motivos vários, deixou de tê-lo de forma sistemática.
Anorgasmia total ou absoluta – quando a mulher não sente orgasmo, independentemente do tipo ou da qualidade do estímulo.
Anorgasmia situacional – quando a anorgasmia ocorre em determinada situação.
Como você pode perceber, várias situações podem levar uma mulher a desenvolver problemas sexuais, afetando assim, o relacionamento amoroso. O sexo une o casal. Há nos corpos feminino e masculino uma explosão de hormônios liberados durante o ato sexual que dão ao casal o sentimento de bem-querer, de completude. Além de fazer bem para a alma; também faz para o corpo, pois há uma maior oxigenação cerebral, a pele fica mais bonita, e etc.

RE – Esse bloqueio pode ser gerado por fatores não-sexuais?

CM - Como disse anteriormente, esse bloqueio pode ser gerado por diversos fatores. Como causas físicas temos doenças várias, problemas na glândula tireóide, problemas com os hormônios femininos, uso de determinados medicamentos, uso de drogas ilícitas, por exemplo. Temos ainda os fatores psicológicos como os transtornos emocionais: depressão, ansiedade, fobias. Tudo isso pode gerar uma falta de desejo e, por consequência, uma recusa sexual. Problemas no relacionamento a dois também são responsáveis por esse bloqueio: falta de carinho, falta de romantismo, falta de diálogo, falta de companheirismo, traição, desconfiança, etc. Por isso, a mulher que está passando por esse tipo de situação não deve conformar-se e viver um relacionamento onde a experiência sexual inexista ou seja um fardo. Se a mulher se encontra nessa situação, precisa buscar ajuda!

RE – Praticar sexo não significa ter orgasmos, o que a mulher pode fazer para ter uma vida sexual plena?

CM - Orgasmos são consequência de uma experiência sexual satisfatória. Mas, ao mesmo tempo, não quer dizer que, enquanto mulheres, temos a obrigação de termos orgasmos o tempo todo ou em toda relação. Há uma cobrança social muito forte em cima da mulher: que ela tem que ser multiorgástica, de que ela tem que ver estrelas, de que ela tem que levar o marido ao delírio em todas as relações sexuais… O que sempre digo para as mulheres que me procuram é que se você e seu parceiro estiverem satisfeitos com o sexo que fazem juntos, ótimo! É isso que importa! Não interessa para os outros como é a vida sexual de vocês, nem quantas vezes vocês fazem sexo por mês. O que vale é como vocês estão nessa área. É não se deixar levar pelo que os outros acham que é o ideal. Uma vida sexual plena está intimamente relacionada com uma vida conjugal plena. Se você e seu cônjuge não se dão bem, se vivem brigando, se não se respeitam, é impossível que tenham uma vida sexual plena. Me vem à cabeça aquela música que diz: “Entre tapas e beijos, é ódio, é desejo, é um amor doentio…” Isso não funciona, isso não é real. Então, relacionamento conjugal saudável é igual a relacionamento sexual saudável. Relacionamento conjugal pleno é igual a relacionamento sexual pleno.

RE – O que você pode falar sobre o binômio: sexo e prazer?

CM - Posso te dizer que é a melhor coisa que pode acontecer entre um homem e uma mulher. Creio que o sexo é um presente de Deus para o casal! Além de ser uma necessidade física, biológica, o sexo é uma necessidade emocional. O prazer proporcionado pelo sexo é único. Nenhuma outra atividade física, nenhum emprego, nenhuma comida, nenhum outro acontecimento sobre a face da Terra é capaz de fazer alguém sentir o prazer que o sexo pode desencadear. E esse prazer não está somente ligado àquele momento do ato, ele perdura! Existe uma substância que é liberada pelo nosso organismo durante o ato sexual que se chama Ocitocina. Ela é considerada o “Hormônio do Amor”, porque dá ao casal essa sensação maravilhosa de se pertencerem, de serem uma só carne. Afirmo pra você com toda propriedade: SEXO UNE O CASAL! Se as pessoas olharem para a sua sexualidade e para os seus relacionamentos de uma maneira especial esse binômio fará parte de qualquer casamento.