28/01/2018

VAGINISMO: entenda o que é e como essa disfunção sexual interfere na vida da mulher e no casamento.


 Por: Carolina Mendonça
         Psicóloga e Sexóloga

  Você possui alguma conhecida que esteja casada há anos e que ainda seja virgem? Ou conhece alguma mulher que só consegue ser penetrada até determinado ponto porque a dor que sente é insuportável? Ou ainda, quem sabe, um casal que tenha se separado por não conseguir ter uma relação sexual plena?
   Para as mulheres que recebem o diagnóstico de vaginismo, essa é uma realidade que traz profunda frustração, desespero e, consequências sofridas para o casamento.

Entenda o que é

   O vaginismo é a contração dos músculos próximos à vagina, dificultando e até impossibilitando a penetração. É importante salientar que essa contração é involuntária: a mulher não percebe que contrai os músculos da vagina. Essa disfunção sexual origina um círculo vicioso: ansiedade→ tensão→ dor→ ansiedade→ tensão→ dor... Torna-se uma resposta aprendida desenvolvida pela associação de dor ou medo da penetração vaginal.

As causas

   O medo da penetração pode derivar de traumas de infância; abuso sexual; falta de informação; informações erradas ou confusas sobre sexo; questões religiosas que associam o sexo ao pecado; sentimentos de culpa; desconhecimento da própria anatomia feminina; e, até problemas físicos reais.
   Dentre os problemas físicos encontram-se quaisquer patologias da região pélvica que torne a relação sexual dolorosa. Exemplos: endometrite; doenças inflamatórias; herpes genital; vaginite atrófica; e até restos de hímem e hímem rígido. Todas as patologias de causa física trazem dor, podendo por isso, desencadear o vaginismo.
   É importante esclarecer que a maior parte das mulheres que sofrem dessa disfunção, a desenvolvem por motivos de natureza psicológica. Talvez você já tenha ouvido a frase: “O cérebro é o maior e o mais importante órgão sexual.” O que isso quer dizer? Quando o vaginismo é causado por fatores psíquicos, é o psicológico que deve ser focado. Por vezes, é necessário dizer à paciente: “Não há nada de errado com a sua vagina. Precisamos trabalhar a sua cabeça!” O cérebro é quem comanda o corpo. E é assim em todas as áreas, inclusive na sexual. Isso vale para mulheres e para homens. Grande parte das disfunções sexuais femininas e masculinas tem raízes emocionais. Logo, o tratamento psicológico é fundamental.

Então, o que fazer?

   O primeiro passo é procurar um ginecologista para verificar ou descartar quaisquer patologias de ordem física. Depois de tratadas, algumas mulheres conseguem ter relação sexual normalmente. Outras, precisam do atendimento do psicólogo/sexólogo, mesmo quando a origem é física, por deixar sequelas emocionais. Quando o vaginismo é 100% de origem emocional, a mulher deve procurar um psicólogo/sexólogo para iniciar o tratamento.

O tratamento

   O tratamento consiste em duas etapas, que podem acontecer em momentos distintos ou simultaneamente, dependendo do caso: a psicoterapia, que pode acontecer individualmente ou a dois (marido e mulher) e a dessensibilização.
   Na psicoterapia, são trabalhados os aspectos emocionais que levam à dor e ao medo da penetração vaginal. Na dessensibilização, a paciente passa pelo processo de perda gradual da “sensibilidade negativa” ou “intolerância” aos estímulos vaginais. A participação do marido é muito significativa em todo o processo. Quando ele participa, geralmente os resultados são bem mais rápidos.
   Com o avanço da tecnologia e da medicina, o uso de métodos, outrora empregados em determinadas áreas médicas, têm sido utilizados para o tratamento de algumas disfunções sexuais, inclusive para o tratamento do vaginismo. Alguns desses métodos são:
   A Eletroestimulação, que é um recurso terapêutico onde os músculos são contraídos e relaxados através de um aparelho. As aplicações da eletroestimulação muscular por corrente alternada proporciona vários trabalhos na musculatura, que vão ser diferenciados pela utilização dos parâmetros que o equipamento oferece.
   A Carboxiterapia, que consiste na aplicação de dióxido de carbono (CO2) com a finalidade de melhorar a circulação e oxigenação dos tecidos.
   A toxina botulínica, que  é uma substância produzida pela bactéria chamada Clostridium botulinum e quando injetada em algum grupamento muscular, provoca sua paralisação através do bloqueio da placa motora. A toxina é aplicada no terço distal e musculatura externa da vagina, provocando a paralisação temporária deste grupamento muscular .
   Ainda assim, psicoterapia e dessensibilização são o  tratamento mais utilizado e recomendado para a maioria dos casos de tratamento do vaginismo.
   Por tudo isso, é fundamental que a paciente tenha um diagnóstico preciso, realizado por um profissional capacitado, levando-se sempre em consideração de que cada mulher é única e que o tratamento apontado será o melhor para ela.


O casamento

   Viver uma vida a dois onde não se pode desfrutar de uma sexualidade plena,  torna-se frustrante. A esposa acaba desenvolvendo pensamentos prejudiciais, como: “Eu não sou mulher o suficiente.”; “Eu sou menos mulher que fulana.”; “Eu não faço meu marido feliz.”; “Queremos ter filhos e não podemos.”... E, como consequência, seu comportamento vai modificando-se: ela passa a sentir-se retraída socialmente, fica com a auto-estima baixa, e algumas vezes, desenvolve até um quadro depressivo.
   Veja só: uma esposa com esse perfil, acaba não sentindo-se capaz de manter um relacionamento satisfatório com seu marido, já que ela mesma não está bem! O marido entristece-se a cada tentativa sexual mal- sucedida. Esse tipo de situação acaba trazendo para a relação conjugal situações de estresse, ansiedade, conflitos, etc. Não raramente, casamentos até terminam por esse motivo.
   Deus deseja sempre o melhor para os seus filhos. Ele deseja que homem e mulher vivam em plena harmonia conjugal e sexual. A instrumentalidade de um profissional pode ser ferramenta Divina para a cura do vaginismo e, por consequência, a cura para um  casamento em crise!